Olá pessoal.
Hoje vou falar mais como mãe do que profissional. Quem não já escutou os avós, ou os tios, ou algum vizinho (as vezes até o nosso próprio pensamento) as seguintes frases e “conselhos”:
-“Tem que deixar ele chorando senão ele fica mal acostumado.”
-“Nossa, tão pequenininho e já faz birra?”
-“Esse menino vai ficar mal criado”.
E algumas são mais sutis: “Ele tem um temperamento forte, né?”
Diante destas indagações senti a necessidade de escrever sobre a importancia da “Criança com apego” inspirado na teoria “Apego seguro” do psiquiatra infantil John Bowlby. Não tenho a intenção de aprofundar no assunto nem gerar um debate de teorias, apenas quero compartilhar experiencias. Meu interesse nesta abordagem ocorreu quando escutei a palestra do pediatra e escritor catalão Carlos Gonzalez. Sua abordagem me ajudou a compreender minhas atitudes e como agia com meu filho. O pediatra começou sua apresentação dizendo que o “apego é uma necessidade básica do ser humano”. Alguns tem apego seguro, outros inseguro, isso vai depender de como a figura primaria de apego (a mamãe, papai, avó… depende de quem é sua figura primaria) lhe trata durante o primeiro ano.
Segundo Bowlby, o apego seguro é o vinculo emocional que se desenvolve entre o bebê e seus pais (ou cuidadores), e que lhe proporciona segurança emocional, dispensável para um saudável desenvolvimento e exploração do ambiente. Não depende do tempo em que estamos com nossos filhos nos braços, ou seja, não é que devemos estar todo o tempo com ele no colo, mas sim a forma como atendemos suas necessidades com eficiência, consolo e segurança, aceitando e compreendendo seus sentimentos. Isso vai proporcionar uma segurança indispensável para um desenvolvimento saudável .
Para compreendermos melhor, vou dar um exemplo: quando o bebê está no chão, nos olha e nos pede colo, podemos responder de 2 formas:
– Pegando no colo mas não atendendo sua necessidade: “que feio quando você chora” , ” agora para de chorar que já está no colo” ou até mesmo “de novo chorando? “. Este tipo de frases é uma forma de dizer-lhes que seus sentimentos não têm importancia. O que não podemos esquecer que, quem necessita de cuidado é o bebê , e não ao contrário (“se você chora eu fico triste”).
-pegando no colo, abraçando e importando com seus sentimentos. Ele ainda não sabe comunicar-se. O choro é sua forma de demostrar suas necessidades. Quando um adulto chora, nos preocupamos e corremos para ver o que lhe passou e como podemos ajudá-los. Daí vem a pergunta: porque quando o choro é de um bebê, ele tem que suportar suas necessidades sem incomodar a ninguém e sem poder oferecer o colo? Eles não acostumam com os braços, eles acostumam com o amor.
As crianças antes dos 3 anos, não consegue compreender certas coisas, seu cérebro ainda está em desenvolvimento. Ele não entende que algo não se deve fazer porque o adulto diz e pronto. Podemos evitar as situações conflitivas deixando o que não queremos que eles agarrem fora de seu alcance: se ele pega algum objeto que não queremos, podemos explicar-lhes e oferecer algum brinquedo para que ele se distraia e esqueça do anterior. Quando ele deseja aquele vaso de cristal lindo que você colocou na decoração sala, ele não está te manipulando, pois ainda não compreende a imposição e nem imagina o valor que esta peça decorativa tem para você. Se ele quebra este vaso, não faz por maldade nem com a intenção de chamar a atenção. Faz porque faz parte de sua natureza explorar e conhecer o ambiente que está a sua volta.
“Lucas acaba de mamar e sua mamãe colocou para dormir; não tem frio, não tem calor, não tem sede, não tem dor… mas continua chorando. E agora, que quer? ELE QUER VOCÊ. Não quer a comida, nem o calor, nem a água. Quer você como pessoa. Ou você preferiría que seu filho te chamasse somente quando necessitasse de algo, ou seja, somente por interesse? O amor do bebê com os pais é gratuito, incondicional, inquestionável. É um amor puro.” (parte da palestra de Carlos Gonzalez).
Não permita que os conselhos e nem a pressão social te distancie de seu bebê. Muitas famílias acabam sacrificando sua propria felicidade, e a de seus filhos, pensando no que os outros vão dizer. Deixe que seu instinto fale mais alto, afinal a natureza é sabia. Os bebês agradecem 🙂
Fuentes:
Bowby, J. Apego e perda: apego, v.1 7a. Ed. Sao Paulo: Martins Fontes, 1984
https://www.bebesymas.com/ser-padres/los-chavales-de-hoy-en-dia-son-los-que-menos-afecto-reciben-de-toda-la-historia-por-carlos-gonzalez
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