Porque brincar é coisa séria???

” O brincar é a forma infantil de aprender e uma válvula de escape para a necessidade inata de atividade.  Nela a criança envolve-se com a mesma atitude e energia que nos engajamos em nosso trabalho. Brincar é uma incumbência séria que não deve ser confundida com diversão ou uso ocioso do tempo, não é leviandade, é uma atividade intencional.”  (Alessandrini, 1949)

Embora essa frase tenha sido escrita por uma terapeuta ocupacional há quase 70 anos, ela ainda continua sendo bastante contemporânea: para aprender a criança necessita do brincar. A pergunta é: será que damos esta importância ao brincar? Dentro de nossas casas, promovemos um ambiente que permite aos nosso filhos brincar? Estamos dedicando um tempinho para brincar com eles? Diante de tantas perguntas, será que teremos uma resposta positiva? E mais, sabia que o “brincar” é um direito? Se brincar é uma coisa tão séria, então porque muitas vezes não damos tanto valor?

Legalmente falando, o brincar é um direito que a legislação brasileira reconhece tanto na Constituição Federal (1988), artigo 227, quanto no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990), ou seja, é uma ocupação infantil significativa e fundamental.

É no brincar que a criança começa a aprender sobre si mesma e a compreender o mundo que está em sua volta. A Doutora Maria Montessori dizia que a criança tem uma mente que funciona como uma esponja (que ela dominou de “mente absorvente”) ou seja, ela aprende todo o que vê, escuta, sente. Brincando a criança absorve conceitos, desenvolve suas capacidades e habilidades (sensoriais, motoras, cognitivas, sociais, psicológicas) que serão  utilizadas durante toda sua vida. 

Não é essencial saber em que fase do desenvolvimento está a criança, mas ter esse entendimento nos possibilita ter mais ferramentas para poder oferecer os estímulos e experiências que vão contribuir no seu desenvolvimento. Podemos brincar de diferentes formas:

Pode ser utilizando um brinquedo:  –  Brincar com uma bola , lhe permite descobrir um mundo de possibilidades: coordenar seus olhos para seguir a bola, coordenar olho-mão para poder tocar-la, mover-se os braços, mãos e dedos para poder agarrar-la, explorar as sensações provocadas por sua textura (macio, dura, quente, frio, lisa, áspera) sempre respeitando a etapa em  que a criança está.

Pode ser com uma música:  – cantar com a criança além de fortalecer o vínculo, ajuda no desenvolvimento da linguagem.

Pode ser contando uma história: os contos estimulam o imaginário da criança.

 

Pode ser  brincando de faz de conta: além de estimular a imaginação e fantasia a criança experimenta sensações, consegue vivenciar o que é se colocar no lugar do outro.

 

Uma das formas de contribuir para que o brincar ocorra de maneira saudável, além de tomar algumas medidas de proteção (como proteger cantos e quinas dos móveis, tampar as tomadas elétricas, proteger as portas dos armários que contém produtos de limpeza e outros mais),  é deixar os brinquedos acessíveis para que a criança tenha a liberdade de escolher o que quer explorar. 

Independente do tipo, do lugar, de que forma vai ser o uso do brinquedo, o importante é que quando você esteja presente, você esteja “presente”, ou seja, esqueça o celular/tablet/computador, desligue a televisão, esse é um momento seu e da criança. Permita que seja uma oportunidade de interação e fortalecimento do vinculo afetivo.

E lembre-se, qualquer atividade que você faz com seu bebê, se realizar de forma lúdica, pode se tornar uma divertida e estimulante brincadeira.

 

Referências:

Alessandrini, N.A., . PLAY,  A child’s world. American Journal of Occupational Therapy  2, 1949. 

Parham, Diane. Fazio, Linda S. A recreação na Terapia ocupacional pediátrica. Santos. Livraria Editora. 2002

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