“O futuro de qualquer sociedade depende de sua capacidade para promover saúde e o bem estar da próxima geração….as crianças de hoje se converterão nos cidadãos, trabalhadores e pais do amanhã”
(Shonkof, 2007)
Olá pessoal!!
Neste post queria compartilhar um tema muito interessante que está relacionado com o desenvolvimento infantil baseado em evidências. A ciência tem muito a nos oferecer maneiras de como podemos utilizar nossas experiências e recursos para ajudar a construir uma sociedade mais responsável. Tanto a neurociencia como a biologia molecular apresentam investigações bastante interessantes neste tema.
Uma de suas pesquisas, nos diz que as experiências vividas desde antes do nascimento (quando ainda estávamos na barriga das nossas mães) entram literalmente em nossos corpos e configuram nossas capacidades de aprendizagem, nosso comportamento e nossa saúde física e mental. Que significa isso? Parece muito complicado mas é muito simples. Vamos parte a parte.
O que essas duas ciências nos apresentam é que nos 3 primeiros anos de vida é FUNDAMENTAL que a criança passe por boas experiências e inúmeras possibilidades de explorações. No primeiro ano de vida, o cérebro constrói os circuitos básicos que são responsáveis pelos conhecimentos básicos, sobre ele serão construídos os circuitos mais complexos. Tudo isso ocorre de acordo com as experiências e informações recebidas do meio e desenvolve-se segundo o que cada um vive através do tempo. É comparável a construção de uma casa: inicia-se com uma boa base para depois construir as paredes, colocar o teto, a instalação da parte elétrica, ou seja, se constrói com o tempo.
Sabemos que nesta fase, a criança é totalmente dependente, e que essas experiências só serão possíveis se um adulto (vou chamar de cuidador, porque pode ser a mamãe, o papai, os avós, a tia ) interagir com afeto e lhe oferecer um ambiente com “apego seguro” ( falamos deste tema em outro post, clique aqui para ver o texto completo : ).
Além dessa interação de afeto e carinho, nós os adultos somos os mediadores, temos o papel de facilitar ao bebê a compreensão de seu entorno, conhecer e atender as suas necessidades e inquietudes. Essa experiência é uma interação de ida e volta, é uma via de mão dupla. Isso ocorre quando os bebês se expressam naturalmente através de balbuceos, expressões faciais, palavras, gestos, choros e nós os adultos cuidadores lhes respondemos com vocalização, expressões dando-lhe importância ao seu contato inicial.
O brincar facilita muito esta experiência. No post “Brincar é coisa séria” falamos sobre a importância de que nossos filhos brinquem, experimentem, explorem e vivenciem o ambiente que está a sua volta. Falamos também que brincando a criança absorve conceitos, desenvolve suas capacidades e habilidades (sensoriais, motoras, cognitivas, sociais, psicológicas) que serão utilizadas durante toda sua vida (se você ainda não leu, clique aqui para ler todo o post :).
É muito importante ressaltar que o brincar deve estar de mãos dadas com a qualidade da interação. Segundo o Dr. Francisco Mora Teruel (professor de Fisiologia Humana em Madrid) o cérebro aprende em interação com o resto do organismo, ou seja, quando tocamos, vemos, cheiramos ou saboreamos algo, todas essas informações se canalizam ao que se chama “cérebro emocional”, é o que dá sentido ao que estamos experimentado. Por isso é tão importante a emoção quando se interage com o bebê. É um fator que deve ser construído solidamente através do carinho do cuidador. Um exemplo muito claro de como a emoção influencia o desenvolvimento do bebê é quando ele começa a ficar de pé. Se a familia incentiva com sorriso, palavras e muita torcida, o bebê vai querer tentar uma, duas vezes até que consiga ficar de pé sem apoio. E é repetindo que seu corpinho vai aprender a ficar nesta postura.
Sim, somos fundamentais para que nossos filhos se desenvolvam, cada um no seu ritmo, em um ambiente saudável, acolhedor e de muitas possibilidades para explorar e aprender.
Bibliografia:
-Alessandra Schneider, Vera Regina Ramires. Primera Infancia Mejor: una innovación en política pública. Brasília: UNESCO, Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul, 2008.
–Los invisibles: Las niñas y los niños de 0 a 6 años. Mexicanos Primeros. Estado de la Educación en México 2014.
-Jack P. Shonkof, ett all. La Ciencia del Desarrollo Infantil Temprano. Cambridge, MA: Center on Developing Child, Harvard University. 2007